O spread bancário é um agente presente nas transações financeiras das instituições bancárias, sendo considerado um vilão na relação de preço de compra e de vendas de títulos e obtenção de empréstimos e financiamentos.
Mas você sabe do que se trata esse conceito usado pelo mercado financeiro internacional e que influencia nas taxas de juros? Entende como esse fator pode fazer diferença nas operações do seu negócio?
Se você compartilha de algumas dúvidas sobre esse assunto ou não entende absolutamente nada, saiba que todo empreendedor deve conhecer o que compõe o spread bancário para fazer as melhores escolhas para o seu negócio. Vem com a gente!
O Que É Spread Bancário No Brasil?
O spread é basicamente a diferença entre os juros que os bancos pagam quando as pessoas investem dinheiro na poupança ou fazem aplicações em produtos de renda fixa, por exemplo.
Por outro lado, ele também compõe os juros que esses mesmos bancos cobram de um cliente que solicita um empréstimo ou um financiamento tanto para quitar dívidas ou para adquirir bens.
Aliás, entender como acontece a aplicação de juros tanto no caso dos investimentos quanto dos empréstimos é fundamental, visto que ele é um fator que influencia os valores finais de dívidas e retorno das aplicações.
Para você ter uma ideia da procura por empréstimos, somente em fevereiro de 2021 os bancos emprestaram cerca de R$313,9 bilhões, o que corresponde a 6% mais que no mês de Janeiro do mesmo ano, segundo dados do Banco Central.
Esse número se justifica, de acordo com o Bacen, em razão da crise econômica por conta da pandemia do coronavírus.
Para Que Serve O Spread Bancário?
O spread bancário é usado para definir uma remuneração ao fazer um determinado investimento Ele serve para obtenção de lucros por parte das instituições financeiras.
Quando nos referimos ao cliente, ele contribui para o entendimento da situação de crédito, permitindo uma identificação das oscilações das taxas em comparação à Selic, por exemplo.
Além disso, ele serve também para que o cliente possa comparar as taxas entre as instituições.
Como Funciona O Spread Bancário?
Além de ser composto pelos lucros de uma instituição, o spread bancário também é composto por outros aspectos, como impostos, encargos, inadimplência, custos administrativos, entre outros.
Dependendo da situação econômica, o spread pode aumentar ou reduzir. Dessa forma, lembre-se sempre que, quanto mais alto ele estiver, mais alto será o crédito por conta deste percentual.
Como é Calculado o Spread Bancário?
Agora que você entende do que se trata esse conceito, vamos entender como é calculado o spread bancário, que se dá por uma fórmula bem fácil de entender.
Confira o passo a passo desse cálculo:
Spread bancário = [taxa de empréstimo] – [taxa de captação]
Vamos pensar o seguinte:
Em uma transação bancária, um investidor coloca um determinado capital rendendo na poupança a uma taxa de 6% ao ano.
Por outro lado, o banco, ao fazer a coleta desse valor, faz a remuneração desses 6% e empresta o esse dinheiro para custear um projeto de uma instituição, cobrando uma taxa de empréstimo de 20% ao ano. Sendo assim, a taxa de spread será é igual a:
20% – 6%= 14%
Resumindo, nesta relação entre o investidor o banco, seja ele instituição tradicional ou conta digital, e o empresário, o banco tem um ganho de 14% ao ano.
Um valor bem alto se comparado com o investidor que emprestou esse dinheiro. Uma grande diferença de rendimentos, não é mesmo?
Isso acontece, segundo os próprios bancos, por conta do risco de crédito que as instituições correm ao liberar o empréstimo tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas.
Sendo assim, a cobrança alta de juros é feita a partir de variáveis como a taxa de inadimplência e também outros fatores, que veremos a seguir. Inclusive, o spread bancário no Brasil é considerado um dos mais altos do mundo.
Fatores Que Compõem O Spread Bancário
Com essas explicações, certamente, esse assunto está ficando um pouco mais claro para você, mas para que ele seja totalmente compreendido chegou a hora de conhecer os fatores que compõem o spread praticado pelos bancos.
1. Segurança para Inadimplências
O Brasil é um dos países que acumula as maiores taxas de inadimplência do mundo. Em 2019, por exemplo, R$ 63,2 milhões de pessoas tiveram contas atrasadas com as instituições bancárias.
Em razão dessas taxas altas de falta de pagamento, a instituição financeira que concede o crédito precisa ter uma espécie de “margem de segurança”, que serve basicamente como uma garantia, caso o banco não receba o valor emprestado.
Dessa forma, com o risco dessa possibilidade do não pagamento, a inadimplência acaba compondo o spread bancário e sendo um dos fatores mais determinantes para os juros altos.
2. Lucratividade das Operações
Outro item que também compõe o spread é a lucratividade das operações, já que o objetivo é sempre o mesmo: gerar lucro para as instituições financeiras, sejam elas fintechs financeiras, cooperativas de crédito ou bancos tradicionais.
Sendo assim, essas instituições ao fazer um empréstimo estão visando um alto retorno financeiro com a operação.
3. Impostos Diretos
Os impostos também exercem forte influência na composição do spread financeiro. Entre os tributos que entram nesse cálculo estão o Imposto de Renda e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que são tarifas que incidem sobre os lucros da instituição.
Estão incluídos ainda nessa conta os tributos do Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e o Programa de Integração Social (PIS), que são cobrados sobre a receita total.
4. Depósito Compulsório e FGC
Outro fator que compõe o spread é o depósito compulsório e o FGC (Fundo Garantidor de Crédito). O primeiro é um dos instrumentos que o Bacen utiliza para fazer o controle do volume de dinheiro que circula na economia do Brasil.
Inclusive, na taxa de spread, esse depósito é obrigatório para todos os bancos, contas digitais e outras instituições no que se referem às captações em poupança, depósitos à prazo ou à vista.
Já o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) faz o recolhimento de 0,0125% do valor total dos depósitos das instituições financeiras.
Esse fundo, na verdade, é uma forma de proteger os investidores, correntistas e também os poupadores, possibilitando a recuperação financeira até um limite determinado dos recursos mantidos em uma instituição em caso de falência ou liquidação.
5. Custos Administrativos
Na lista sobre o que compõe o spread bancário, os custos administrativos também entram nesse cálculo, representando uma boa fatia na definição dos juros.
Isso porque, as despesas de operação, que incluem manutenção das atividades das agências físicas, como:
- segurança,
- salários,
- caixas eletrônicos,
- aluguéis e outros serviços necessários também entram nessa conta.
Inclusive, muitas contas digitais têm ganhado a preferência de empresas e pessoas físicas em razão da isenção e também das taxas reduzidas, já que essas empresas não precisam investir recursos para a manutenção de agências físicas, já que tudo é feito online.
Aliás, segundo um levantamento realizado pelo UBS Evidence Lab, em 2020, pela primeira vez na história, a quantidade de downloads de aplicativos de bancos digitais ultrapassou a de instituições tradicionais.
Em 2020, os downloads dos bancos digitais alcançaram uma fatia de 52% do mercado, contra 48% dos bancos tradicionais.
Por Que O Spread Bancário No Brasil É Tão Alto?
Alguns desses fatores que influenciam nos altos juros já foram citados acima, mas saiba que há ainda outros problemas estruturais e macroeconômicos, que são apontados por especialistas como os responsáveis por este alto valor do spread bancário.
Mas com a consolidação das fintechs e do mobile banking, a expectativa é que, em um futuro próximo, esse cenário possa mudar, beneficiando diretamente quem investe e empresta dinheiro.
5 Principais Fatores Que Fazem Com O Spread Bancário Seja Alto No Brasil:
Além desses valores, entenda de forma detalhada os cinco elementos principais que fazem o spread apresentar taxas tão altas no Brasil, impossibilitando, muitas vezes, a realização de empréstimos e financiamento.
1. Inadimplência
A inadimplência é uma das variáveis que mais tem poder de elevar a taxa de spread nas operações bancárias.
De acordo com o Bacen, em 2016, ao fazer a divisão dos recursos do spread naquele ano, a inadimplência correspondeu a 39,95%, considerado por especialistas um número altíssimo.
Com esses altos índices, infelizmente, o spread é ruim para o bom pagador, que é aquela pessoa ou organização que tem sempre crédito nas instituições, já que paga as suas dívidas em dia.
Isso porque, na hora de calcular o spread, ele leva em consideração a taxa média de maus e bons pagadores.
2. Concentração Bancária
Outro fator é a concentração bancária, sendo, inclusive, um dos principais motivos que influenciam no alto spread aplicado no Brasil.
Isso porque, no país, há cinco grandes instituições bancárias responsáveis pela maioria das transações de financiamentos e empréstimos em todo o país.
Sendo assim, se a concorrência fosse maior, possivelmente os preços dos produtos e serviços seriam bem menores.
Porém, com um mercado de pagamentos cada vez mais competitivo e com a entrada de novas fintechs financeiras e bancos digitais, a expectativa é que elas possam contribuir na queda do spread financeiro e no processo de desoneração do crédito.
3. Juros e Inflação
Outro motivo para o valor elevado do spread bancário é que ele é influenciado pela taxa básica de juros, a Selic que, inclusive, já esteve entre as maiores do mundo.
Para você entender a relação entre o spread e a taxa Selic, saiba que quanto menor for a taxa básica de juros no Brasil, menos instituições bancárias tendem a pagar pelos recursos que captam no mercado, já que boa parte dos investimentos pagam juros atrelados à Selic.
Dessa forma, se ela fica menor, a tendência é que as taxas do crédito caiam e também o spread bancário para essas operações.
4. Carga Tributária
Os altos tributos praticados no nosso país também acabam tendo uma forte influência no spread nacional.
Isso acontece porque a concentração bancária permite que as instituições bancárias repassem os custos dos impostos para quem precisa de crédito, ou seja, pessoas físicas e jurídicas, que arcam com os altos valores na hora de emprestar dinheiro.
5. Crédito Bancário
O crédito bancário, por sua vez, é basicamente o empréstimo concedido pelos bancos públicos tanto para empresas quanto para pessoas físicas com finalidades específicas.
Nesse sentido, esse crédito abrange os empréstimos para as mais variadas modalidades, que incluem crédito rural, financiamento habitacional e também o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Inclusive, muitos especialistas acreditam que esse alto volume de créditos, principalmente dos bancos públicos, acaba reduzindo o volume disponível para os investidores, resultando em um capital baixo para as outras atividades, fazendo com que os juros fiquem elevados.
Qual A Relação Do Spread Bancário Com A Taxa Selic?
O spread bancário tem relação direta com a Taxa Selic, já que ela influencia esse percentual.
Para você entender, a cada 45 dias, o Copom fixa uma meta para a Selic. Dessa forma, ao fazer qualquer transação bancária de crédito, os bancos precisam usá-la como referência.
Sendo assim, pense o seguinte: se a Taxa Selic subir, o spread bancário também subirá, já que os custos das instituições aumentam, refletindo no reajuste de outras taxas e percentuais.
Qual O Impacto Do Spread Bancário No Cotidiano?
Se o spread bancário estiver baixo, por exemplo, as pessoas têm maior interesse pela obtenção de crédito junto às instituições.
Além disso, com taxas de juros menores, as pessoas consomem muito mais, aquecendo a economia.
Então, a regra é simples: quanto mais alto o spread, menor serão as transações financeiras de diferentes formas, como obtenção de crédito ou mesmo o consumo diário.
A redução deste percentual é essencial para que as operações econômicas tornem-se mais atraentes para consumidores e instituições.
Como Diminuir O Spread Bancário?
Existe sim a possibilidade de reduzir o spread bancário, porém, isso acontece quando há algumas mudanças no mercado financeiro, como redução de compulsório, transparência no setor de empréstimos e alterações nas regras de liquidação de bens de garantia, por exemplo.
Como Conhecer O Spread Bancário Das Instituições?
Para conhecer o spread bancário de uma determinada instituição, você precisa acompanhar as informações de retorno dos títulos de renda fixa e os custos de crédito dos bancos.
Além disso, ao contratar um empréstimo, por exemplo, é preciso entender o spread em cada cenário. Faça também a comparação do nível desse percentual entre as várias instituições para escolher aquela com maior custo-benefício.
Quais São Outras Aplicações Do Spread No Mercado Financeiro?
Além do spread bancário há ainda o spread cambial, composto, basicamente, pela diferença no valor que um banco cobra, por exemplo, para vender moedas estrangeiras e o preço para comprá-las.
Esse tipo de spread também é considerado a cotação do câmbio e o custo da operação nesta moeda.
Spread Bancário No Brasil Em Comparação Com O Mundo
O spread bancário do Brasil é o segundo maior do mundo, fazendo do nosso país um dos locais com créditos mais caros do mundo.
Em junho de 2019, por exemplo, ele chegou a 46,2 pontos percentuais para pessoa física, segundo o Bacen.
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Conclusão
Conseguiu entender o que é spread bancário e o porquê é tão importante ter conhecimento sobre esse assunto na hora de fazer os seus investimentos ou pedir financiamento ou empréstimo para as instituições bancárias?
Sempre que for realizar alguma dessas transações, não deixe de ficar de olho nas taxas do spread e entender se realmente é vantajoso para sua empresa fazer ou algum empréstimo.
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